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segunda-feira, 17 de dezembro de 2012
Viajei ni comendador
Ciro Machado
TRAIPU TERRA DA GENTE
VIAJEI NO COMENDADOR
Pode até parecer uma besteira, dizer que, viajei no Navio Comendador Peixoto, e sou feliz por isso, mas não é .Talvez seja a lembrança mais importante da minha adolescência ,e de todas as viagens que já fiz em minha vida.Nenhuma pode se comparar com aquela.Nenhuma foi tão especial.Era e foi privilégio de poucos.Não tinha nada de excepcional, mas aquele navio era diferente,a gente gostava de ver .Para nós meninos era fantástico.Parecia que a gente sabia ,que era um coisa para se fazer uma só vez na vida,mas quem fez mais de uma, teve mais sorte.O Navio a gente sabia ,ou melhor sentia, que seus dias estavam contados.O motor a Diesel já tinha chegado, na região,iria substituir,aquele vapor a lenha.As lanchas já começavam andar,Uberlândia,Tupan,Tupi,Tupigy,Iolanda, o rio já começava a ser barrado lá nas Minas Gerais,e Pernambuco,as cheias já dependiam da mão do homem.Ele ,o navio, era agora do governo,da CVSF,Comissão do Vale do São Francisco,com sede em Penedo ,Alagoas,porque o particular industrial, Dalmo Peixoto, não mais agüentou sua manutenção, vendeu ao governo Federal.Já esse, não teve interesse e o abandonou no porto de Penedo.Um dia afundou-se com um furo no casco,naquele porto que parou para sempre.Tinha eu,mais ou menos treze anos,vinha do colégio onde estudava, avistando no porto de Propria,ancorado no cais, aquele colossal Navio,que logo mais sairia para o sertão.Passaria em minha terra.Maior sorte,nunca tinha andado nele.Sempre foi o maior desejo.Acho que tudo que a gente deseja com o coração acontece.Junto com os colegas,subimos pela prancha no primeiro pavimento,por onde nos embarcamos naquela maravilha,navio gaiola.Subimos ao andar de cima por uma escada de ferro,para o lugar onde viajaríamos.Atrás de uma varanda na frente ficava a cabine do piloto,com o comando de todo navio.Essa varanda se estendia em todo seu tamanho,protegida por um alambrado gradeada,e firme por ferros,no teto.Visinho a gabine ficavam dormitórios ,tanto de um lado, quanto do outro.Logo depois uma mesa grande do refeitório, rodeada de bancos.Ao lado ,os bancos por onde descansávamos.Na parte de trás,ficava a cozinha,os banheiros e outra varanda no fundo.Em cima no teto ficava a chaminé,buzina e barcos de lona branca, salva vidas,seguros por guinchos,prontos para emergêcia.Tinha a cor Branca,com a base Preta.Chaminé, ganchos e demais peças também pretas.Por dentro predominava o creme claro. Minha maior surpresa, que viajava muita gente de Pão de Açucar.Coincidiu,eu conheci parentes meus, que ainda não conhecia,moradores de fazendas em Belo Monte.Eram de Pão de Açucar,.Umas primas,e primos,animando mais, a nossa viajem.O navio bonito e luxuoso ,para os padrões da região,seguro,e por incrível até silencioso.Dava-se pra ver e ouvir as espumas das águas fervendo,entre os lados,devido ao corte das águas pala proa de ferro.Aliás ele era todo de ferro.Se fosse para traz ,observava-se o redemoinho da água, que a poderosa hélice,fazia impulsionando ,aquele tramboio de ferro bruto. .Tanto na frente ou atrás,o conforto,a ventilação, junto com a vista era a melhor possível.As cidades e fazendas iam ficando a medida que o navio avançava.Jundiaí era a primeira delas que avistamos,Casa bonita em forma de Castelo.Colégio cidade com uma igreja bonita de duas torres, próximo ao porto,onde tem um cais com rampa para o rio.A Sementeira indígenas moram,e da para ver eles ate tomando banho de rio.Essa sementeira parece que já foi um Colégio de Freiras,daí vem o nome da cidade.Amparo de São Francisco,e São José, em Sergipe,tem uma adutora para Aracaju,ainda, Borda Mata fazenda antiga,onde lampião andou e tinha proteção,Aningas é de Pedro chaves dono também da Cabo Verde em Propriá,fazendas bonitas,no lado Alagoano,Tibiri,Lagoa Comprida,povoações de poucas casas,e São Brãs simpática cidade com uma bonita Igreja.Morro do Gaio, adutora que abastece Arapiraca e região,em frente doutras fazendas de Sergipe.Escurial,Lagoa Funda,de Miguel Alves, e Barandão povoados sob morros de rochas,no lado sergipano,Bom Jardim,terra de Evanildo,seu Oiô,e muita gente boa,Ouricuri,e Tamburi,terra de Abelardo Damasceno,Croas,da Familia de Eduardo,Lagoa Grande, de Tonho Nunes,Lagoa Funda de Neco,Marcação de Luiz Tavares e Sacão de Julio Machado, antes de Traipu em Alagoas.Depois de Barandão ,se vê baixadas,ante do Tijuco,terra de minha primeira mulher,em cima, dum morrinho,separado da serra da Tabanga por um riachinho e o sitio Oití. Tinha aquelas pessoas, que já vinham de Penedo, por isso ,usavam os camarotes, as viagens, mais longas. Talvez estivessem fazendo excursão. De Penedo a Traipu são quatorze léguas, e de Traipu a Pão de açúcar outras quatorze.Iam muitos fazendeiros ricos para suas terras no sertão ,Erpidio do Araticum,Zuza Tavares da Fazenda São Luiz,Gararu, ,Miguel Machado da Fazenda Prazeres, Getulio Tavares do Saco do Medeiros,Tonho Nunes da fazenda Lagoa Funda,Noé ,da Jacobina era logo conhecido,pelo jeito de falar,um pouco foen, gostava de conversar,contar casos.Outros e outros mais,tinham tempo e curiosidades de nos conhecerem,queriam saber quem éramos,de onde viemos e para onde íamos.O navio parava de frente as cidades,no meio do rio,enquanto as canoas traziam ,e de volta ,levavam passageiros.Poucos lugares , que dava para encostar no porto.Colégio,São Brás,Amparo,sempre teve gente embarcando e descendo.Nos povoados e fazendas,o navio diminuía a marcha e devagarzinho as canoas encostavam,para subir ou descer pessoas.A porta de entrada era embaixo e no meio do navio.Tipo portãozinho de ferro.Gostava de ficar, horas curtindo as fazendas e povoados,todos cheias de gente para ver, a passagem do navio ,que apitava de vez em quando. Parece e dava para ver que até o gado vinha olhar o navio passar,só de curiosidade.Era ele uma preciosidade .Via-se um lugar, la vai aquele apito particular,poderia ter passageiro ali. Por isso que avisava antes, para alguma canoa ter tempo,de o acompanhar.Eu já até sabia,quando diminuía a marcha, ou tinha passageiro para subir , descer ,ou era baixio.Não podia pregar.Já imaginou um navio desses encalhado numa croa!Uma canoa de pescaria,que trazia um passageiro ,quase afundou quando bateu de vez,no casco dele.A marulhada das águas,devido ao vento,dificultou a ação. Avistava, minha querida terra, senti a alegria de chegar,mas confesso,gostaria que a viagem,durasse mais, fosse mais longa.Por fim chegamos de frente a Traipu.O navio parou descendo as ancoras pra desembarcarmos.Ficara de frente ao porto de cima ,no meio do rio,não dava para chegar no porto que era raso demais, para seu casco.Rio cheio,não, ele chegava e atracava na ribanceira.O rio estava com um nível baixo.Tonho bulachão encostou sua chata com um pano aberto outro fechado.Descíamos depois que os outros subiam,diferente quando encostam nos portos.Lá gritava Maria Chicão ,dando boas vindas,com seus bolinhos e cocadas,sempre a primeira a subir.Sabia vender seu peixe(cocadas).Viemos naquela canoa para a terra firme.Mesmo morrendo de saudade de casa,eram quase seis meses sem estar naquele lar.Mas só deixei o porto depois que vi o Navio sumir no horizonte do rio acima,tamanha beleza que eu achava e que não poderia perder.Não sei ao certo, mas parece que foi a última viajem daquele navio.Estava feliz!Quanta saudade!
A ribeira botou
Ciro Machado
TRAIPU TERRA DA GENTE
A RIBEIRA BOTOU
O dia amanhecia alguém dizendo que a ribeira botou. A noticia ia se espalhando, o povo aos poucos descia, em direção ao Rio são Francisco, queria saber por certo qual a ribeira que está correndo, a do Traipu ,ou do Panema. Se for do Rio Ipanema a água escurecida está lá no meio do São Francisco,beirando a Tabanga, nas alturas do Buraco de Maria Pereira.Se for do rio Traipu as águas barrentas ,descem pelas beiradas próximo ,do porto da cidade.Do lado de cá.De Alagoas.Mas era do Traipu mesmo.Dava para ser ver o filete escurecido que se misturava com a água limpa do velho Chico.Bagaços de matos e pedaços de paus já começavam a descer.Araras e outros pássaros, passavam voando a procura de lugar firme .Avisavam que de onde vinham ,vinha muita água.estava tudo cheio.Os anus pretos agouravam em bando a tragédia que iria acontecer.O bem te vi,com seu jeito de avisar , cantava bem te vi se esquentando num raio de sol que surgia.Tudo contribuía,para um desastre ecológico.As nuvens no céu escurecidas e pesadas,anunciavam mais chuvas,mas que tinham dado uma trégua ,tinhas parado na cidade. As águas que chegavam eram das cabeceiras que aos poucos aumentava , a força e a largura com o volume maior, que descia.Todos observavam a velocidade e a fúria aumentando a cada minuto.O barulho dessas correndo da ribeira, rolando sobre as do rio São Francisco,já se ouvia cada vez mais alto.As espumas escurecidas dos barrancos que se misturavam,rolando com violência, tomavam conta de toda extensão da margem até o meio do rio.Parecia uma pororoca.Ninguém se atreveria colocar alguma canoa naquele meio.Seria fatal com tanta violência. Era um ronco de águas encachoeiradas que ensurdecia.Forte que nem um barulho dum avião.A quantidade d água vinda de cima, subia assustadoramente. Descia galhos,arvores inteiras,aguapés,capins,canas,coqueiros,e tudo que encontravam pela frente.Não respeitavam nada.Parece que a natureza quer se vingar do desmatamento ,que fizeram nas margens desses rios.Os barrancos inteiros são arrasados parecendo ilhas flutuantes.Passam inteiras com bichos em cima.Agora já aparecia dentro desse meio, vacas boiando, umas já mortas outras se afogando,mas vivas.Cavalos e outros bichos, muitas serpentes, camaleões,teiús,e tudo mais,até ratos.Muita gente do oitão do sobrado de Berilo Mota,da banca do peixe,a observar de olhar firme naquele espetáculo que dava medo.Parecia mais um filme assustador,de destruição.O povo que tinha barcos, na altura do porto da areia ,onde a força d água já era menor, encostavam suas canoas e puxavam aqueles animais ,salvando-os fracos mas com vida.Outros não agüentavam eram sacrificados e aproveitado as carcaças.De Adilmo,um fazendeiro do Oiteiro, pegaram diversos garrotes,e devolveram para ele. Canoas e barcos de pesca também passavam, mas eram resgatadas e trazidas para o porto. Muitos queriam ajudar,poucos podiam. Outros só tirar proveito da situação.Nunca se viu uma ribeira desse porte em volume e força d água.Tinha gente que pegava troncos de arvores para lenha ou outro aproveitamento. O ronco daquilo que se ouvia, dava para se escutar muito distante, talvez quilômetros. A chuva já tinha parado.Só pingos de vez em quando caiam. Mas as águas continuavam aumentando,vindo de muitas léguas,dos riachos afluentes desse Traipu.Só podia ser das cabeceiras.No Oiteiro,perto da Tapagem nas terras de Novinho,do lado oposto a Traipu,estava João de Sizino que vinha da sua Fazenda nas Queimadas.Seu bote amarrado numa Marizeira iria afundar se não tirasse logo, porque a água subia com rapidez.Com a corrente amarrada na sua coxa ,conseguiu subir mais, na arvore para quase o topo.Agora,sentindo-se mais firme, segurava a corrente do barco.Pacientemente e talvez com muitas orações,ficou esperando melhorar a situação, a melhor hora, para poder tomar outra medida.Atravessar com segurança.Deixaria as águas aclamarem mais um pouco. Sofreu muito,ficou com marcas da corrente na coxa e nas mãos,mas venceu ,conseguindo depois.Zé Beato,outro agricultor,vinha do Sitio Oiteiro , também subiu em cima doutra Marizeira, esperando que água acalmasse, para poder voltar.)Estavam muito preocupados,tremendo de frio,só pensavam no pior.O maior temor, era esmorecer, não ter mais força, não resistir,e as árvores não agüentarem intactas.Eles observavam outras arvores serem arrancada com raiz e tudo,revirarem,mostrando as vezes as raízes ,no ar,também cercas de arame farpado ,sumirem rodando com as ondas,a bagaceira toda girando.Desesperado, o Zé Beato,já sem paciência ,aflito,teve medo da arvore que estava em cima, ser arrastada, pensou pouco , e se jogou nas águas,tentando atravessar nadando .Tudo ou nada .Arriscou sua vida.A correnteza muito forte ,em ondas ,arrastou-o,lhe dando um sumiço.Perdeu o que mais precioso tinha.Faltou perseverança.Não conseguiu vencer a fúria do lugar que se atirara,era impossível,vencer a brutalidade daquelas águas em redemoinhos. A ribeira do rio Traipu é margeada por fazendas de criação de gado onde seus proprietários ,usam cerca de arame farpado, ate a metade, para no verão, com o leito quase ,seco aproveitar as gramas verdes que nascem e crescem,servindo de pasto,como também utilizarem bebedouros nas pequenas panelas formadas aquele leito..Essas cercas ,são pegas de surpresas,nessas enxurradas, indo todas se misturarem com arvores,barrancos e areias, numa miscigenação liquefeita de não sobrar vestígios visíveis ,do que se procura. Alguns acham que aquele senhor se enroscou,enganchando , nalguma cerca,sendo enterrando pelas areias em movimento,e que são , muito comuns no fundo do rio Traipu.Só sei que nunca mais ninguém viu nem um sinal.Procuraram por todo o baixo são Francisco,até a praia,e nenhum sinal.Esse foi um caso misterioso,porque não se tem nem como procurá-lo.Mais de ano depois,a justiça considerou sua mulher viúva,para questões de aposentadoria e oura coisa.Ele ,o Zé Beato era vigia da Antiga Emater,hoje pertencente a secretaria de Agricultura do Estado.Que sua alma descanse na paz do Criador!
Viagem na Tupã
Ciro Machado
TRAIPU TERRA DA GENTE
A VIAGEM NA TUPÃ
Descambando pra Dezembro, aproximava-se as férias, e eu contava os dias, afinal quase seis meses sem ir a minha casa,a minha terra.Que saudade!Finalmente o dia esperado. Saio de Aracaju ,pego o ônibus, não me lembro bem de qual era a empresa ,mas acho que era ,Senhor do Bom Fim,uns amarelões que rodavam para a região,com destino a Propriá.Junto com os outros colegas e conterrâneos,que também estávamos apreensivos e ansiosos.Como será que está Traipu,quantas casa novas foram feitas?Será se aumentaram alguma rua.?Quem morreu que a gente não sabe ainda?Isso e muitas coisas martelavam em nossas cabeças. Vadinho de seu Bêlo,era o mais informado, quando recebia uma carta, sabia de todas as novidades,era um jornal completo,quatro a cinco folhas,seus parentes escreviam contando tudo ,até quantos cachorros nasceram na casa do vizinho,Ele repassava para a gente,era o interlocutor de nossa terra.Minhas cartas,não, só falava da saudade e preocupação , da minha mãe ,me dizia que não via a hora que eu chegasse,não queria me deixar preocupado com nada, que tudo estava bem.Depois o tempo passa e vi,que meu pai morria aos poucos.Um dia,três anos depois, recebi a noticia por telegrama,e já não pude nem assistir seu enterro.Minha rainha,coitada asmática, morria de lembranças, perguntava se eu estava sadio,se estava bem alimentado,coisa natural de mãe.Afinal de contas eu só estava com doze anos de idade,e não é mole uma mãe vê seu filho novo assim ,se afastar de casa,por muito tempo.Mas tinha que estudar.O grau maior de escolaridade,da nossa terra era o primário.Chegamos em Propriá,na rua da Frente onde tinha o ponto,uma espécie de rodoviária.As malas grandes de coro,pesadas,tínhamos que carregar para o porto.Logo poucos metros, avistamos a lancha, que para nossa alegria iria subir o rio. Achei aquilo uma sorte, bom mais da conta,ser logo a Tupã.Era uma lancha grande,a maior do trecho, dois pavimentos,o de cima por onde embarcávamos,primeira classe,boa vista para frente e lados,ampla ventilada e segura.Naquele andar,que viajamos,tinha melhor visão,queria curtir tudo,as margens sempre habitadas ,vê as pessoas que apareciam para ver a lancha passar.A buzina rouca da lancha nos avisava que estávamos saindo. A sineta da gabine do comandante, seu Quincas,repassava ao motorista que podia dar ré,e sair do porto.Mamoel messias ajudava com uma vara .Mais uma advertência naquela alavanca aquele som,como se fosse o morse dos correios, que repetia na sala de maquinas.O ponto morto,outra repetida, agora era a marcha para frente, mais outra e a ultima como se fosse uma prise de um carro.Partimos do porto ,com alegria e feliz .Hora mais esperada era aquela,que o motor acelerava em procura do sertão.Atravessamos o rio,vimos o cais de Colégio,tinha porto a dar naquele lugar,subiria gente a procura de algum lugar do baixo São Francisco,já que ela ia até Piranhas.Subíamos o rio afora,contra a correnteza.A proa da lancha abria as águas em duas ondas,formando marulhadas,chegando a balançar as canoas por onde passava.Atrás,ficava um rastro de espumas que flutuando se desfaziam aos poucos.Mas na frente uma placa dizia que ali tinha uma aldeia de índios.Saímos para o meio do rio,e de frente, lado de Sergipe uma fazenda Colossal,A Jundiaí,com seu pombal em forma de castelo,um cata -vento puxando água,por um cano ,perto duma ingazeira responsável por deixar fria aquela área de remanso.Aquela água ia direto para a caixa de uma casa grande e bonita, que parecia mais uma mansão perdida naquele ermo, antes de uma plantação de eucaliptos e coqueiros.A lancha imponente seguia agora para Amparo a primeira cidade sergipana depois de Propriá.Do outro lado avistamos Tibiri, mas não tinha ninguém no porto e gente para descer.Amparo era onde estava a bomba d água que envia água para Aracaju.Tinha casa de bombas,de tratamento d´águas.Talvez a primeira construída com potencia naquele trecho de rio.Tinha muitas mangueiras frondosas na beira do rio.Uma ponte ligava a estrada passando por cima dum riacho e uma porta d água,para aquele lugar.A lancha ora de um lado,ora pra outro, parando só nos portos,que tinha gente para descer ou embarcar.São Brás,cidadezinha simpática antes de Traipu,em Alagoas tinha gente para subir e descer.Talvez fosse também algum fazendeiro de Olho d Água Grande ou Campo Grande que tinha vindo ao Banco do Brasil de Propriá,resolver seus negócios.De frente ao Morro do Gaio,onde vai água para Arapiraca vira sua proa a procura do outro lado.A Tupã,volta ao lado de Sergipe ,tem Borda Mata,a fazenda que era coito de Lampião.Tinha gente pra subir.Borda Mata tem um sobrado,num arruado de menos de dez casa,um beco com mais outras.Mas na frente uma fazenda Aningas, de Pedro Chaves.Também tem um cata-vento puxando água,e uma casa bonita em cima do morro.Desce mais um cidadão naquele porto.Do outro lado uma Fazenda bonita,a lagoa cumprida de Carvalhinho,parente dos antigos donos da Borda Mata,Antonio Caixeiro,pai do ex governador de Sergipe, Eronildes de Carvalho.Munguengue,o primeiro povoado do município de Traipu,veja que já está mais perto.Mas esse quase ninguém vê as mais de cem casas por estarem escondidas entre as mangueiras.Seu Oiô,se prepara e a lancha encosta,vai descer na sua Fazenda,que é antes desse povoado.Escurial,povoado prospero,terra de Atevaldo um colega de escola,do outro lado,tem uma feira aos domingos muito boa ,para os poucos habitantes da região.Vizinho por uma lagoa tem Lagoa Funda,outro arruado, em cima do morro.Barandão são poucas casas,todas em cima de uma elevação cujo fundo é um precipício para o rio,o Acesso ao rio, é pelo combro,baixio.Me alegro mais ,da proa da Tupã,procuro no horizonte cinza,um sinal de minha terra.Ainda não dá pra ver.Um pouquinho mais, o sol clareia,deixando s uma parte mais branca,ao longe ,imagino vê que parece ser a torre da igreja de Nossa senhora do Ó.Fico apreensivo e não tiro os olhos.Sentado com aquele olhar fixo,vem as minha indagações,como eu serei recebido?Mas se depender de minha mãe, será como um rei, pois não esqueço que da ultima vez,recebi o beijo e o abraço dela, melhor que já ganhei na minha vida.Era aquilo o meu porto seguro.Minha queridinha mãe,falando mais doce que das outra vezes,imaginava o meu céu.Os minutos demoravam demais,mas a visão cada vez era melhor, até que avisto o Tijuco,lugarzinho em Sergipe,que o povo desce na ilha bem distante daquele morro onde o lugar está trepado.A lancha procura o lado de Alagoas, vejo a Fazenda de Antonio Nunes,a Lagoa Grande depois vem, Lagoa Funda ,Marcação,e finalmente Sacão três fazendas muito conhecidas da gente.Traipu já e um pulo.O porto para encostar, é o de cima.A lancha passa pela rocheira onde a gente vibra de felicidade, com alegria e surpreza, a imagem de Nossa Senhora do Ó,parece que está de outra cor.Finalmente o motor fica contando tempo.É essa minha terra querida,pena que de vez em quando tenho que deixá-la,penso.Antes de colocar a prancha para descer.Grita uma mulher aflita, alegrando todos:seu Quincas,Zé Messias,Veinho, e os outros,venham com Deus!Sejam bem vindos.Todos só podem subir depois que os passageiros descerem, é a regra, mas aquela mulher, não, aquela de saia nos cotovelos dos pés, é a rainha do porto.Sobe primeiro que todo mundo,tem toda regalia .É Maria Chicão,com seu tabuleiro de cocadas,na cabeça.E quem ,não gostava de Maria Chicão? Duvido.Tava ali, pra ver!
Curtir · · Seguir (desfazer) publicação · 14 de novembro às 20:24
Kíssya Carvalho Rolim curtiu isto.
Etevaldo Amorim Excelente, Ciro! Fez-me lembrar as viagens na Tupan, de Limoeiro a Pão de Açúcar.
14 de novembro às 20:30 · Curtir (desfazer) · 1
Ciro Machado Quando a saudade bate,não tem melhor forma de curtir, que escrever.
14 de novembro às 21:58 · Curtir
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Chegada das canoas
Ciro Machado
TRAIPU TERRA DA GENTE
CHEGADA DAS CANOAS
Naquele tempo, as três da tarde de sexta feira, começava aparecer no horizonte de baixo, no São Francisco,antes do Tijuco, onde a vista mal alcançava,aqueles pontinhos brancos vermelhos e amarelos.Eram panos das canoas que surgiam por cima do filete prata daquele corredor de águas correntes, entre morros ,e planícies,ciliares do Rio Velho Chico.Pareciam borboletas voado em direção ao oeste,contra os raios do sol,e a favor da carreira dos ventos,que as impulsionavam.De lá da tamarineira e do monumento da Santa Nossa Senhora do Ó,alguns que esperavam sabiam decifrar qualquer canoa ,mesmo muito longe,só pela cor e pelo tipo de pano.A Candelária de Jason Palmeira,Canoa de Tolda,desgastada pelo uso, tinha nas velas remendos , marcando no amarelo,a sua identidade.Assim eram as outras canoas,todas tinham sua marca que dava para se conhecer de longe,pelos espctadores acostumados com aquele tipo de vista..Distante se identificava uma embarcação pelos panos.Os panos da Joelina eram grandes amarelos bem claros,com a bandeira brasileira enas pontas dos mastros..Os carregadores as vezes diziam,não essa ,é do sertão, de Pão de Açucar,outro dizia,é de Pedrinho de Zé Charuto de Gararu,de Jacinto da Barra do ipanema.Enquanto a discussão continuava, a distância diminuía, ela se aproximava , tirando a dúvida, a realidade ficava, clara.Mas uma chata de panos brancos,cruzados aproximava-se é de Traipu, a de Belé,e vai para o Riacho Grande,boa de pano e muito corredeira.Mais outra chata de Mane Aprigio,a Estrela do Mar,novinha feita por Abelardo Damasceno, do sitio Tibiri,seu cunhado.De repente a Canoa de Tolda de Zé Dandão surgia, a Conquista, depois de reformada virou, Nova Conquista.A São Roque do irmão de Zé Dandão,Zé de Morena,estava no porto cheia de cal,iria vender aquele produto ,vindo de Belo Monte ,depois ia descer o rio ,de porto em porto.Já sumia do poente acima da Tabanga a figura de uma canoa de tolda do Sertão,talvez a ITabajara,alem da chata de Zeze Brauna,do Salgado.Outras já passaram no Buraco de Maria Pereira,bifurcação da Tabanga acima de Traipu.Passava algumas , que nas imediações daquele famoso Buraco,tinha muito medo de virarem,ou se afundarem, na hora de passar o pano,porque um tufo de vento saia para o rio de lá,de vez, desorientando as velas das embarcações,Teve gente que já viu uma canoa de Tolda se afundar lá.Dizem que uma mulher que pizava arroz morreu com a mão de pilão na mão,pensando ser uma bóia.Quando resgataram o corpo,deu trabalho tirar a mão dela da mão do pilão.Mas há registro de mais casos.O povo corria para o porto de cima ,onde encostavam as canoas,com aas mercadorias,vinda de Propriá,principal fornecedor de bens de consumo de nossa cidade.Os Carregadores,entravam na água até o joelho, pegavam colocando, nas suas cabeça, tudo que veio de lá.Esteiras,sacarias,vassouras doces,bolos,bebidas como a teimosa,de cravo e canela,a branquinha de Arabí Cabral,a famosa poca olho,e tudo mais.Lembro que numa dessas viagens,já chegando em Traipu a canoa de Tonho Bulachão,na passagem do pano para dar o porto.A escota (corda com moitões,que alivia o peso e a força braçal,na hora de puxar o pano,arrastou o filho de Fiinha de Ataíde o Luiz Carlos,laçando-o na água,causando seu afogamento.Fiinha ,que tinha um casal de filhos,Leda e o menino,ficou em tempo de morrer.Ela comprava mercadorias em Propriá para revender,era freguesa daquela canoa.Ainda tentaram pega-lo mas não conseguiram ,devido a marulhada e correnteza ,que dificultou o socorro.Dias depois acharam o corpo do menino boiando longe perto de Propriá. O porto dde Traipu era cheio de canoas nos dias de sábado,da feira semanal.Chegavam canoas da praia,precisamente de Carrapicho ,empilhada de louças,potes panelas e brinquedos de barros para vender na feira de Traipu.Naquele tempo eu sempre comprava uns bois zebus pintado,e cavalos com caçoares.As canoas de Traipu vindas na sexta,de Própria, tinham descido, as quintas feiras a noite,onde os canoeiros iam zingando,sem parar, amanhecendo o dia lá naquela Cidade Sergipana.Nas idas e vindas ,os passageiro,Seu Belo,Seu Oscar,Juarez ,que tinha medo do Jaraguá do carnaval, filho desse ultimo,contavam casos e estórias de trancoso,relacionadas com o rio,como a mãe d água ,o nego d água,etc.Era até divertido, a viajem,já acostumados com a vida mansa e sem pressa.Não existia os rádios de pilhas.A musica que ouviam era tocadas nos autofalantes distribuidos comercio de Propria.Eles faziam propagandas das lojas ,mandavam mensagens e tocavam musicas de Orlando Dias,Valdik,Silvinho,Nelson Gonçalves.etc.Ronberto Carlos despontava na mídia, com iee,um ritimo que não se tocava ainda nesses programas ,ao ar livre.Os traipuenses,compravam as mercadorias,e saiam geralmente de onze as doze horas.Chegavam em Traipu antes do anoitecer,quando o vento estava bom,época de verão.No inverno teriam que largar ,muito cedo,se não, só chegavam a noite ,ou no outro dia.Eram esses fregueses,os donos de vendas ,Marilita,Seu Bêlo,Flodoaldo,Mané do Quartinho,Murilo,Seu Oscar,Eronildes de Belinha,Artur de Laura,Atevino Cavalcante,Zé Pindoba,Luiz Pindoba,Vicentão, e muitos outros.Seu Belo trazia bananas ,laranjas,e,cebolas,e outras frutas alem de esteiras, vassouras etc,Marilita Trazia esteiras, bala de banana ,doce de batata,e materiais artesanais.Mane do Quartinho ,esteira chapéus etc,Zé Pindoba,Luiz seu irmão ,Atelvino Cavalcante ,Artur de Laura ,Flodoardo,Murilo,Paizino ,pai de Murilo,Eronilde de Bela traziam cachaça de Arabi Cabal e a teimosa,alei da cajuína.Esse eronide tanto vendia como tomava,e bêbado dizia:-já ouviu falar que sou rico?o cara era só dizer, já.Tomava de graça.Eronides,quebrou.Essas cachaças engarrafadas chegavam em sacos fechados,cheirando muito,quando passava nas cabeças dos carregadores.Tonho Martim,Sinhazinha,Maria Savaiva faziam encomenda e seu Chiquinho trazia.Tonho Martim não era freguês de Bulachão porque chamava ele de Gengibre,teve lepra perdeu os dedos,ficou aleijado,D.maria Saraiva era velhinha,Seu Ferreira de dona Sinhazinha paralitico.Geraldo Bode era canoeiro de Buachão,dava desfalque nas bananas de seu Belo,da popa mesmo onde segurava o leme,jogando as cascas nagua, sem eo dono perceber.Era, canoeiros também,Pintinho de Inez, da de Zé Dandão,Luiz de Osmundinho da de Ranufo ,e das canoas de tolda que desciam para própria.Bom piloto,Peba de Maria Jose também pilotava canoas de tolda.Era preciso saber,tinha arte.Tinha outros,que não lembro.A chegada dessas canoas era uma verdadeira festa ,onde a gente de cá, via como umas corriam mais que outras.para chegarem no porto,passavam o pano e voltavam no borde.Esses bordes de chegada,que todas tinham que fazem,na hora de dar o porto,tinha grande habilidade dos pilotos,pois já desciam.No meio,passavam o pano,baixavam a bolina ,depois vinham numa carreira desenfreada.Já em cima, como um freio,giravam o leme para o outro lado,descendo mais as duas tabuas de bolina que arrastavam no barro levantando a lama do fundo, parando de vez aquela canoa.Restava amarrar os ferros,soltando as ancoras. Um na frente e outro atrás. Dava gosto ser ver todos os detalhes,dos pequenos gestos na condução dessas embarcações.Tinham que ser bons mesmo.Encostavam umas bem próxima das outras,sem ao menos triscar de raspão.Lembranças daqueles momentos inesquecíveis.Na hora de dar o porto,como se chamava,ficávamos atentos,pois é aí, que os bons mostram suas habilidades. Como eram encantadoras essas canoas,quando despontavam ao longe.Dava ate para confundir com aves, comparando-as,com um bando de patos e paturis,planando como tainhas ,as marulhadas espumantes das correntezas do rio.Quantas saudades!Quem viu pode até dizer,tempo bom,o das canoas do São Francisco.
Plantadeiras de arroz
TRAIPU TERRA DA GENTE
AS PLANTADEIRAS DE ARROZ
Ciro Machado
Uma das muitas Fazendas que praticavam o plantio de arroz nas lagoas em Traipu,era a fazenda antiga Colonial , Sacão,nas margens esquerda do Baixo São Francisco,abaixo da cidade de Traipu,com uma lagoa de mais de cem hectares propícios a agricultura desse grão de plantio inundado, na lagoa conhecida com o do Sacão.Recebe as águas barrentas,férteis das cheias do rio pela porta d água ,por onde se controla através de tábuas ,a entrada e saída dessas .Ou seja,com o rio cheio,são abertas,retiradas as pranchas, para a água entrar,invadindo junto com a correnteza ,que traz vários filhotes de peixes,procurando se acomodarem onde ,crescem ,engordam e até produzem dentro dessa bacia .Recebe também águas dos morros, das chuvas caídas nos altos através dos riachos Timbauba, Piteco ,e outras pequenas grotas.Assim que chega o período de chuvas , descem essas águas ,as vezes aumentando consideravelmente o nível daquele espelho.Conheci,centenas de mulheres plantando arroz nessa lagoa,Quase tudo mulheres, pobres de Traipu,verdadeiras heroínas do baixo São Francisco.As palavras que se tiverem para falar sobre elas ainda são poucas,porque trabalhavam com alegria e dedicação,apesar do serviço duro,penoso.Se ouvia cantar modinhas,satisfeitas,porque sabiam que tinha plantado a sua sobrevivência,o arroz,base alimentar da família,portanto plantado ,nada atrapalhava a colheita ,não precisava de mais alguma coisa,para produzir.Agora era só esperar. A garantia da sustentação da família com o produto do seu trabalho era real.Quando em dezembro , começava encher o rio a esperança ,era eminente vendo entrar água nas lagoas e várzeas.Uma vez cheias,fechava-se as portas d’águas.Aquele volume represada era essa garantia do plantio.As vezes tinha arroz já cacheado quase se afogando, no valado,se cortando dentro ainda da lamina úmida,das caixas mais baixas os caldeirões..Todas as cidades ribeirinhas o regime do rio era por igual,dependiam totalmente dessa cheia para a sobrevivência.No Sacão ainda tinha ainda a lagoa do Pires,de poucos hectares, um lameirão onde se fazia as sementeiras,antes da porta d’água.. A várzea de Traipu,com muitas centenas de hectares,eram separadas por valados,diques,de protegiam as águas represadas.Tinha a porta d água do Farias,na fazenda Paraná,que controlava uma parte das águas,tinha a do PE do Banco que segurava a do cabaceiro,e outra menores,a de Derneval,saco das Pedras,etc.
Em Fevereiro após, a cheia do Rio São Francisco, que surgia, mais ou menos, finais de Dezembro e Janeiro, mas sempre vinha ou as vezes mais cedo .Pouco tempo depois, começava a vazante,aparecendo os lameirões,nas orlas.Isso dependia das chuvas de Minas Gerais, nas cabeceiras do Rio.Lameirões,são depósitos de argila,e humos deixados pelas cheiras,junto com o assoreamento provocados pela erosão, dos cultivos morro abaixo.Nesses lameirões,se faziam a semeia do arroz.Depois de quatro a oito dias,o arroz ensacados eram amarrados dentro d água ,para a correnteza não levar, imerso,começavam a germinar em menos de oito dias.Os tipos de arroz plantados eram o agulha agulhinha e o perola e chatinho.Todos essas são arroz variedade branco.Mas tem uma variedade que também se cultivava, o arroz vermelho,considerado em algumas regiões como praga,por ter um valor inferior.O vermelho teria que ser plantado só longe das outra espécies,para não causar hibridação e contaminar o plantio convencional. Pragas como insetos ,Lagartas e gafanhotos Não era preciso venenos,os próprios pássaros davam conta de tais As pragas mais comuns entre ervas daninhas,e difíceis dos valados são as salsas ,aguapés com belas flores amarelas e brancas,folhas parecendo a vitoria régia,boiando na superfície ,e língua de vaca,alem da beleza da baronesa com flores azuis muito bonitas, de matos moles como mentrastos e outros.Geralmente esses morriam afogados pela lamina aqüífera.Tinha alguns lugares que criavam muitos caramujos,até sangue sugas.As vezes tinha calumbis,um espinheiro de cor escura muito fechado e difícil erradicação..Os muçus são peixes,que agem dando prejuízos, tipo uma cobra preta escorregadia, se enterrando na lama as vezes, furando as paredes dos aterros que dividiam os dique de plantio.A macela um tipo de planta de cheiro característico nascia como praga nas lagoas,dificultando o plantio.Nas terras duras adensadas pelo uso direto do plantio, as vezes aparecia uma infestação de juncos ,muito difíceis de serem erradicado.Já trabalhei muito arando terras de Derneval,abaixado muito corte do arado para erradicar essa praga virando a raiz para cima, expondo ao sol .Depois era gradeada essa área,par ficar uniforme.Ganhei muito dinheiro varando noites em cima do banco dum trator,dividindo o turno com meus irmãos,dia e noite trabalhando,antes das cheias invadir aquela área.Teria que aprontar a s áreas com urgência, na frente da inundação.Não poderiam ser feita antecipadamente meses,porque eram eles precisavam daquele pasto para o gado.Isso nas várzeas de Traipu,todo mundo cria bovinos..O junco,como era conhecida aquela ciperácea, já morta ,era hora de gradear para deixar a água afogar o resto.,A gradagem do valado servia para evitar aquelas valetas,deixadas pelo arado,ficando mais ou menos nivelada, a lamina de água facilitando o plantio,e fazendo render mais.Algumas pessoas,adubam esses valados com esterco de gado,antes da aração.difícil usar adubo químico.Também ninguém usava inseticida contra pragas. As lagoas são rodeadas de muitas marizeiras,canafisteiras e oitizeiros ,abrigos naturais de aves.Tinha também existe algumas frutas nativas,silvestres como murta uma frutinha em forma de coração ou uma castanha vermelha ,varagens que são sementes revestidas de uma polpa branca transparente agridoce em cacho comestíveis ,e maçazeiras,não própria ao consumo,diziam que dava fome canina.Tinha uma plantinha que dava um fruto conhecido por mata fome ,parecido com uma pimenta comprida de casca em forma de canoa ,bem vermelha e por dentro uma maça branca,Os meninos comiam,mas não tinha gosto de nada..Nas lagoas grandes ou várzeas as vezes usam canoas para transportar as mudas e despejarem de acordo a necessidade de cada valado.Nas menores os feixes são carregados nas cabeças dos homens.Tanto os lameirões quanto as lagoas eram geralmente de grandes fazendeiros,que bancavam a semeadura do cereal até o arranque das plantas de transplante,entregues dentro dos valados.O resto era por conta dos meeiros.Ou seja a produção da semente daí por diante era parte do proprietário da terra,a metade da produção já batida e ensacada .Muitos que tinham as trilhadeiras,cobravam em produto o serviço correspondente.Usavam como medida padrão o selamim,correspondente a dez litros.O alqueire era trinta e dois selamins.Se dizia tantos alqueires,tomando por base trinta e dois vezes dez,ou seja trezentos e vinte litros ,um alqueire.As palhas da batição,que são as do cacho ficavam nos terreiros,mas as do corte ficavam nos valados onde depois se colocava o gado para aproveitar como alimento.Geralmente todo fazendeiro era criador de gado.Caso quisesse,era só aguar as socas,que daria uma segunda safra,embora fraca mas,daria .Só não fazem isso porque precisam da pastagem das sobras dessa plantação.Depois de batido o arroz,os terreiro são invadidos por outro tio de praga os pássaros. Centenas e mais centenas de veludos pat chocas,tié sangue de bois,cabeços,chupinhas,galos de campina e todas as aves,a procura de restos de arroz pelo chão.Os meninos armavam arapucas de tabocas ou paus e de sangra pegando muitos pássaros,para comer frito no óleo.As de sangra enchiam dessas aves..A operação de semear o arroz se dá antes do inverno normal.Era a hora exata de jogar uniformemente, com as mãos ,semeando nos lameirões,das vazantes.Depois se cobria com uma fina camada de terra com a enxada.Se o lameirão secasse,teria que aguar com cuias,jogando água do rio,ou aspersores.Isso,aqueles poucos, que tinham esse equipamento.Ali a sementeira crescia,enquanto os valados(quadras de aproximadamente uma tarefa de área)dentro das lagoas,esperavam as plantas ,do cereal. Enquanto as sementeiras de arroz cresciam lá na beira do rio, os
valados cheios afogavam as ervas dentro deles que também era destruídas pelos peixes, para a hora do plantio.Se algum mato crescesse naquela água teria que ser arrancado.O plantio teria que ser na lamina aqüífera,limpa.Chegada o dia ,em Março,Abril, ou mais,o arroz arrancado feito feixes era jogado na água.Ai entrava o trabalho das plantadeiras,destrinchando os feixes que vinham amarrados com salsa , fazendo pequenos montes de cinco ou mais plantinhas enterrando-as (com um dedo abre o buraco e com outro enterra e fecha),num espaço preciso, de palmo de um lado e outro,ou menos. As cantorias , em dupla,trio,quarteto ou que seja,fazia um coro do som de vozes em segunda ou terceira voz,ficando muito bonitas as modinhas cantadas.Tinha uma que puxava o canto com o verso refrão,.aAs outras entrosadas respondiam em coro”O capim da lagoa,” resposta “o veado comeu”.Musicas de Lampião,Maria bonita,folclóricas etc,e assim por diante .Essas musicas ,enfeitavam os ares dos valados.De pés descalços com as saias levantadas e presas na cinta, entravam na água,fria arriscando cortes nos pés por cascas e caramujos, mordidas de sangue sugas em alguns lugares,ate o perigo de cobras,mas não desistiam .Muito pelo contrario quanto mais dificuldades mais coragem elas tinham.Eu tinha uma tia a Maria José,mulher sofredora exemplo de persistência,trabalhadeira demais,nunca rejeitou serviços de plantio de arroz , em lagoa nenhuma.A fauna aquática, constituída de peixes como piau bamba piaba não fazia medo,mas tinha o perigoso espora pé,o mandim.Fazia medo pisar no esporão desses que poderia até aleijar o pé..Lembro do nome de algumas mulheres que plantavam no sacão.Lucinda,Amelina ,Fiinha,Bbelinha,Anita de Juviana,Amália, Belinha de Luiz Cajebe Alzira ,Graciete de Barroca,as filhas de Caeira, centenas de mulheres,que no momento não recordo.Andava muito lá e via elas na luta,diária,com hombridade e alegria. As mulheres do Itamarati, quase todas eram plantadeiras de arroz. Algumas vezes tinha piranha e pirambebas,que causavam medo.A vantagem ,era que sabiam ,assim que batessem na agua, eles corriam para o caldeirão do valado,o lado mais fundo,assustados com os movimentos da plantadeiras.Debaixo das Marizeiras, ficavam os filhos mais novos daquelas mulheres.Era lá também que cozinhavam as refeições.Enquanto plantavam, seus filhos brincavam com frutos do mari,bois de paus ,capucos e pedras debaixo da sombra da arvore.Aqui e acolá ,ia uma mãe socorrer um filho que chorava ,porque tinha levado uma espinhada no pé.Assim plantavam toda área,chamando de fechamento.Fechavam o valado.As plantinhas do arroz em fileiras retas, só com o olhinho de fora da água nem sentiam ,a mudança de lugar, todas pegavam bem,ia crescendo rápido,dentro daquela lâmina fertilizada pelas enchentes ,enquanto escorria o excesso ,soltava (esvaziada)pelas portas d águas das lagoas.Era nessa correnteza ,provocada pela gravidade, numa abertura do paredão do diqui,de volta para o rio junto com o peixe, procurando sair,caindo num jiqui.Esse ficava na porta d água.O jiqui é armadilha feita de varas,dentro do depósito depois das tabuas da referida porta d’água.O peixe caia junto da água escorrida em cima da esteira ja pronto para ser pego sem dificuldade.O rio já se encontrava com o nível muito mais baixo que o das lagoas.Por isso esse liquido, retornava sem dificuldade,por efeito da descida.Logo em pouco tempo a arroz,verde escuro parece que dobrava de tamanho ,com a fertilidade do húmus,trazido pela enchente, fechando todos os espaços . Era um mar de folhas verdes vibrando com a passagem dos ventos,até Setembro,quando o ouro do arroz aparecia em cima da folhagem verde, mostrando o ponto certo de colheita..O corte dos cachos eram feitos com cutelos amolados,junto em montículos para depois levar a um terreiro grande e bem limpo onde seria batido.Geralmente esse terreiro ficava perto de casas e armazéns do guarda do cereais.Alguns desses armazéns tinham um outro tipo de terreiro,cimentado em anexo,onde utilizavam para secar o cereal,antes da armazenagem.Depois de batido ainda continha muita umidade.A comercialização do produto ensacado,era feita em Propria, Se.para as industrias de beneficiamento.As quintas feiras as canoas desciam carregadas de arroz e subiam o rio com os feirantes e suas feiras ,eram esse pequenos comerciantes de frutas e outros gêneros.Cansei de ver sair do Sacão, a chata de Tonho Bulachão cheia por cima de sacaria de arroz.Saia dessa fazenda cada safra mais de duas mil sacas de 40 kg ,arroz em casca. Antes da colheita,nas lagoas ,enquanto o vento assoviava,nas plantas,os azulões e patas chocas,pássaros típicos dessas plantações,numa orquestra ornitológica,alegres ,faziam sua festa e davam um prejuízo razoável ,naquelas culturas.Era preciso, colocar meninos com petecas para vigiar,espalhar espantalhos,alem de providenciar com urgência o corte desse cereal.Nuvens desses(pássaros),sem sossego de um lado ara outro,numa peleja sem paz. Os espantalhos eram pouco respeitados pelas aves.Tinha gente que usava fogos, de artifícios,pistolões.As crianças teriam que ficar brincando dentro das plantações para tanger os invasores, ate o completo amadurecimento dos grãos,sob pena de só colher arroz chocho. Chegada a colheita. O corte manual, também em feixes,transportados para um terreiro onde seria batido,no cacete ou com máquinas,trilhadeiras.O arroz, e planta de meiação.O proprietário da lagoa,fazia a sementeira,preparava o valado e entregava o produto dentro dele.O corte ,a batição, por conta do meieiro. Mas em todo lugar o sistema de plantação era de meia.A divisão dos produtos era meia parte do proprietário e meia do lavrador.O proprietário entrava com a sementeira arrancada dentro da lagoa.A lavradora bancava o resto ate a bateção.Quando o proprietário usava a maquina cobrava em produto aquele trabalho.A divisão era meio a meio.Muitas famílias ensacavam a sua parte da safra e traziam para suas casas em casca,onde armazenavam em caixotes ou mesmo nos próprios sacos.As palhas do arroz cortado nas lagoas,eram usada pelo gado.Nos períodos difíceis de pastagem escassa seus proprietários já colocavam o gado imediatamente .Só esperavam carregar o arroz,par o gado ir para as socas, aquele lugar .As socas são rebroto verdinho,que apareciam com força,devido a umidade do fundo das lagoas..Eu mesmo,junto dos meus parente ,Julio,Zé Machado,pastoramos montados em cavalos,algumas vezes,o gado que comia perto do arroz ,que ainda estava para colher.O gado avançava a medida que se cortava e retirava o produto.Como a lagoa era grande a gente deixava o gado distante,da plantação e saia pelos caminhos a pegar parelha montado nos cavalos.As famílias já com seu produto em casa,aos poucos iam tirando todos os dias ,pisando num pilão,para fazer a alimentação básica da família.As sobras da palha pisadas viravam ração para porcos,ou assadas com água isca para covos, de camarões.O xerem,que são os grãos machucados,que caem da malha da peneira,ficava servindo como ração de pintos e perus.Existiam dois tipo de pilões.Os horizontais que não passa de uma barra de braúna ou aroeira com um buraco onde o pilador,fica sentado e os comuns com duas bacias uma em cima e outra em baixo servindo de base de sustentação.O serviço ´feito em pé e se quiser pode duas pessoas com duas mãos de pilão,pisarem alternando as pancadas.Depois da primeira pilada,é só segurar o ritmo que o serviço rende o dobro.Com a construção das barragens para hidroelétricas houve o descontrole das cheias,acabando de vez essas lavouras. Aas Barragens das Hidroelétricas,destruíram o regime dessas enchentes, acabando as atividades agropastoris,e piscosas,por completo nessas áreas de vazantes,trazendo fome ,insegurança ,para todos que dependiam delas..O governo deveria ter pensado nessa economia e evitado esse desastre causado para os ribeirinhos.Será se o preço do progresso tem que ser tão caro assim, acabando a cultura a tradição, deixando ´so a fome ,a desolação?
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