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segunda-feira, 17 de dezembro de 2012
Viajei ni comendador
Ciro Machado
TRAIPU TERRA DA GENTE
VIAJEI NO COMENDADOR
Pode até parecer uma besteira, dizer que, viajei no Navio Comendador Peixoto, e sou feliz por isso, mas não é .Talvez seja a lembrança mais importante da minha adolescência ,e de todas as viagens que já fiz em minha vida.Nenhuma pode se comparar com aquela.Nenhuma foi tão especial.Era e foi privilégio de poucos.Não tinha nada de excepcional, mas aquele navio era diferente,a gente gostava de ver .Para nós meninos era fantástico.Parecia que a gente sabia ,que era um coisa para se fazer uma só vez na vida,mas quem fez mais de uma, teve mais sorte.O Navio a gente sabia ,ou melhor sentia, que seus dias estavam contados.O motor a Diesel já tinha chegado, na região,iria substituir,aquele vapor a lenha.As lanchas já começavam andar,Uberlândia,Tupan,Tupi,Tupigy,Iolanda, o rio já começava a ser barrado lá nas Minas Gerais,e Pernambuco,as cheias já dependiam da mão do homem.Ele ,o navio, era agora do governo,da CVSF,Comissão do Vale do São Francisco,com sede em Penedo ,Alagoas,porque o particular industrial, Dalmo Peixoto, não mais agüentou sua manutenção, vendeu ao governo Federal.Já esse, não teve interesse e o abandonou no porto de Penedo.Um dia afundou-se com um furo no casco,naquele porto que parou para sempre.Tinha eu,mais ou menos treze anos,vinha do colégio onde estudava, avistando no porto de Propria,ancorado no cais, aquele colossal Navio,que logo mais sairia para o sertão.Passaria em minha terra.Maior sorte,nunca tinha andado nele.Sempre foi o maior desejo.Acho que tudo que a gente deseja com o coração acontece.Junto com os colegas,subimos pela prancha no primeiro pavimento,por onde nos embarcamos naquela maravilha,navio gaiola.Subimos ao andar de cima por uma escada de ferro,para o lugar onde viajaríamos.Atrás de uma varanda na frente ficava a cabine do piloto,com o comando de todo navio.Essa varanda se estendia em todo seu tamanho,protegida por um alambrado gradeada,e firme por ferros,no teto.Visinho a gabine ficavam dormitórios ,tanto de um lado, quanto do outro.Logo depois uma mesa grande do refeitório, rodeada de bancos.Ao lado ,os bancos por onde descansávamos.Na parte de trás,ficava a cozinha,os banheiros e outra varanda no fundo.Em cima no teto ficava a chaminé,buzina e barcos de lona branca, salva vidas,seguros por guinchos,prontos para emergêcia.Tinha a cor Branca,com a base Preta.Chaminé, ganchos e demais peças também pretas.Por dentro predominava o creme claro. Minha maior surpresa, que viajava muita gente de Pão de Açucar.Coincidiu,eu conheci parentes meus, que ainda não conhecia,moradores de fazendas em Belo Monte.Eram de Pão de Açucar,.Umas primas,e primos,animando mais, a nossa viajem.O navio bonito e luxuoso ,para os padrões da região,seguro,e por incrível até silencioso.Dava-se pra ver e ouvir as espumas das águas fervendo,entre os lados,devido ao corte das águas pala proa de ferro.Aliás ele era todo de ferro.Se fosse para traz ,observava-se o redemoinho da água, que a poderosa hélice,fazia impulsionando ,aquele tramboio de ferro bruto. .Tanto na frente ou atrás,o conforto,a ventilação, junto com a vista era a melhor possível.As cidades e fazendas iam ficando a medida que o navio avançava.Jundiaí era a primeira delas que avistamos,Casa bonita em forma de Castelo.Colégio cidade com uma igreja bonita de duas torres, próximo ao porto,onde tem um cais com rampa para o rio.A Sementeira indígenas moram,e da para ver eles ate tomando banho de rio.Essa sementeira parece que já foi um Colégio de Freiras,daí vem o nome da cidade.Amparo de São Francisco,e São José, em Sergipe,tem uma adutora para Aracaju,ainda, Borda Mata fazenda antiga,onde lampião andou e tinha proteção,Aningas é de Pedro chaves dono também da Cabo Verde em Propriá,fazendas bonitas,no lado Alagoano,Tibiri,Lagoa Comprida,povoações de poucas casas,e São Brãs simpática cidade com uma bonita Igreja.Morro do Gaio, adutora que abastece Arapiraca e região,em frente doutras fazendas de Sergipe.Escurial,Lagoa Funda,de Miguel Alves, e Barandão povoados sob morros de rochas,no lado sergipano,Bom Jardim,terra de Evanildo,seu Oiô,e muita gente boa,Ouricuri,e Tamburi,terra de Abelardo Damasceno,Croas,da Familia de Eduardo,Lagoa Grande, de Tonho Nunes,Lagoa Funda de Neco,Marcação de Luiz Tavares e Sacão de Julio Machado, antes de Traipu em Alagoas.Depois de Barandão ,se vê baixadas,ante do Tijuco,terra de minha primeira mulher,em cima, dum morrinho,separado da serra da Tabanga por um riachinho e o sitio Oití. Tinha aquelas pessoas, que já vinham de Penedo, por isso ,usavam os camarotes, as viagens, mais longas. Talvez estivessem fazendo excursão. De Penedo a Traipu são quatorze léguas, e de Traipu a Pão de açúcar outras quatorze.Iam muitos fazendeiros ricos para suas terras no sertão ,Erpidio do Araticum,Zuza Tavares da Fazenda São Luiz,Gararu, ,Miguel Machado da Fazenda Prazeres, Getulio Tavares do Saco do Medeiros,Tonho Nunes da fazenda Lagoa Funda,Noé ,da Jacobina era logo conhecido,pelo jeito de falar,um pouco foen, gostava de conversar,contar casos.Outros e outros mais,tinham tempo e curiosidades de nos conhecerem,queriam saber quem éramos,de onde viemos e para onde íamos.O navio parava de frente as cidades,no meio do rio,enquanto as canoas traziam ,e de volta ,levavam passageiros.Poucos lugares , que dava para encostar no porto.Colégio,São Brás,Amparo,sempre teve gente embarcando e descendo.Nos povoados e fazendas,o navio diminuía a marcha e devagarzinho as canoas encostavam,para subir ou descer pessoas.A porta de entrada era embaixo e no meio do navio.Tipo portãozinho de ferro.Gostava de ficar, horas curtindo as fazendas e povoados,todos cheias de gente para ver, a passagem do navio ,que apitava de vez em quando. Parece e dava para ver que até o gado vinha olhar o navio passar,só de curiosidade.Era ele uma preciosidade .Via-se um lugar, la vai aquele apito particular,poderia ter passageiro ali. Por isso que avisava antes, para alguma canoa ter tempo,de o acompanhar.Eu já até sabia,quando diminuía a marcha, ou tinha passageiro para subir , descer ,ou era baixio.Não podia pregar.Já imaginou um navio desses encalhado numa croa!Uma canoa de pescaria,que trazia um passageiro ,quase afundou quando bateu de vez,no casco dele.A marulhada das águas,devido ao vento,dificultou a ação. Avistava, minha querida terra, senti a alegria de chegar,mas confesso,gostaria que a viagem,durasse mais, fosse mais longa.Por fim chegamos de frente a Traipu.O navio parou descendo as ancoras pra desembarcarmos.Ficara de frente ao porto de cima ,no meio do rio,não dava para chegar no porto que era raso demais, para seu casco.Rio cheio,não, ele chegava e atracava na ribanceira.O rio estava com um nível baixo.Tonho bulachão encostou sua chata com um pano aberto outro fechado.Descíamos depois que os outros subiam,diferente quando encostam nos portos.Lá gritava Maria Chicão ,dando boas vindas,com seus bolinhos e cocadas,sempre a primeira a subir.Sabia vender seu peixe(cocadas).Viemos naquela canoa para a terra firme.Mesmo morrendo de saudade de casa,eram quase seis meses sem estar naquele lar.Mas só deixei o porto depois que vi o Navio sumir no horizonte do rio acima,tamanha beleza que eu achava e que não poderia perder.Não sei ao certo, mas parece que foi a última viajem daquele navio.Estava feliz!Quanta saudade!
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