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segunda-feira, 17 de dezembro de 2012
A ribeira botou
Ciro Machado
TRAIPU TERRA DA GENTE
A RIBEIRA BOTOU
O dia amanhecia alguém dizendo que a ribeira botou. A noticia ia se espalhando, o povo aos poucos descia, em direção ao Rio são Francisco, queria saber por certo qual a ribeira que está correndo, a do Traipu ,ou do Panema. Se for do Rio Ipanema a água escurecida está lá no meio do São Francisco,beirando a Tabanga, nas alturas do Buraco de Maria Pereira.Se for do rio Traipu as águas barrentas ,descem pelas beiradas próximo ,do porto da cidade.Do lado de cá.De Alagoas.Mas era do Traipu mesmo.Dava para ser ver o filete escurecido que se misturava com a água limpa do velho Chico.Bagaços de matos e pedaços de paus já começavam a descer.Araras e outros pássaros, passavam voando a procura de lugar firme .Avisavam que de onde vinham ,vinha muita água.estava tudo cheio.Os anus pretos agouravam em bando a tragédia que iria acontecer.O bem te vi,com seu jeito de avisar , cantava bem te vi se esquentando num raio de sol que surgia.Tudo contribuía,para um desastre ecológico.As nuvens no céu escurecidas e pesadas,anunciavam mais chuvas,mas que tinham dado uma trégua ,tinhas parado na cidade. As águas que chegavam eram das cabeceiras que aos poucos aumentava , a força e a largura com o volume maior, que descia.Todos observavam a velocidade e a fúria aumentando a cada minuto.O barulho dessas correndo da ribeira, rolando sobre as do rio São Francisco,já se ouvia cada vez mais alto.As espumas escurecidas dos barrancos que se misturavam,rolando com violência, tomavam conta de toda extensão da margem até o meio do rio.Parecia uma pororoca.Ninguém se atreveria colocar alguma canoa naquele meio.Seria fatal com tanta violência. Era um ronco de águas encachoeiradas que ensurdecia.Forte que nem um barulho dum avião.A quantidade d água vinda de cima, subia assustadoramente. Descia galhos,arvores inteiras,aguapés,capins,canas,coqueiros,e tudo que encontravam pela frente.Não respeitavam nada.Parece que a natureza quer se vingar do desmatamento ,que fizeram nas margens desses rios.Os barrancos inteiros são arrasados parecendo ilhas flutuantes.Passam inteiras com bichos em cima.Agora já aparecia dentro desse meio, vacas boiando, umas já mortas outras se afogando,mas vivas.Cavalos e outros bichos, muitas serpentes, camaleões,teiús,e tudo mais,até ratos.Muita gente do oitão do sobrado de Berilo Mota,da banca do peixe,a observar de olhar firme naquele espetáculo que dava medo.Parecia mais um filme assustador,de destruição.O povo que tinha barcos, na altura do porto da areia ,onde a força d água já era menor, encostavam suas canoas e puxavam aqueles animais ,salvando-os fracos mas com vida.Outros não agüentavam eram sacrificados e aproveitado as carcaças.De Adilmo,um fazendeiro do Oiteiro, pegaram diversos garrotes,e devolveram para ele. Canoas e barcos de pesca também passavam, mas eram resgatadas e trazidas para o porto. Muitos queriam ajudar,poucos podiam. Outros só tirar proveito da situação.Nunca se viu uma ribeira desse porte em volume e força d água.Tinha gente que pegava troncos de arvores para lenha ou outro aproveitamento. O ronco daquilo que se ouvia, dava para se escutar muito distante, talvez quilômetros. A chuva já tinha parado.Só pingos de vez em quando caiam. Mas as águas continuavam aumentando,vindo de muitas léguas,dos riachos afluentes desse Traipu.Só podia ser das cabeceiras.No Oiteiro,perto da Tapagem nas terras de Novinho,do lado oposto a Traipu,estava João de Sizino que vinha da sua Fazenda nas Queimadas.Seu bote amarrado numa Marizeira iria afundar se não tirasse logo, porque a água subia com rapidez.Com a corrente amarrada na sua coxa ,conseguiu subir mais, na arvore para quase o topo.Agora,sentindo-se mais firme, segurava a corrente do barco.Pacientemente e talvez com muitas orações,ficou esperando melhorar a situação, a melhor hora, para poder tomar outra medida.Atravessar com segurança.Deixaria as águas aclamarem mais um pouco. Sofreu muito,ficou com marcas da corrente na coxa e nas mãos,mas venceu ,conseguindo depois.Zé Beato,outro agricultor,vinha do Sitio Oiteiro , também subiu em cima doutra Marizeira, esperando que água acalmasse, para poder voltar.)Estavam muito preocupados,tremendo de frio,só pensavam no pior.O maior temor, era esmorecer, não ter mais força, não resistir,e as árvores não agüentarem intactas.Eles observavam outras arvores serem arrancada com raiz e tudo,revirarem,mostrando as vezes as raízes ,no ar,também cercas de arame farpado ,sumirem rodando com as ondas,a bagaceira toda girando.Desesperado, o Zé Beato,já sem paciência ,aflito,teve medo da arvore que estava em cima, ser arrastada, pensou pouco , e se jogou nas águas,tentando atravessar nadando .Tudo ou nada .Arriscou sua vida.A correnteza muito forte ,em ondas ,arrastou-o,lhe dando um sumiço.Perdeu o que mais precioso tinha.Faltou perseverança.Não conseguiu vencer a fúria do lugar que se atirara,era impossível,vencer a brutalidade daquelas águas em redemoinhos. A ribeira do rio Traipu é margeada por fazendas de criação de gado onde seus proprietários ,usam cerca de arame farpado, ate a metade, para no verão, com o leito quase ,seco aproveitar as gramas verdes que nascem e crescem,servindo de pasto,como também utilizarem bebedouros nas pequenas panelas formadas aquele leito..Essas cercas ,são pegas de surpresas,nessas enxurradas, indo todas se misturarem com arvores,barrancos e areias, numa miscigenação liquefeita de não sobrar vestígios visíveis ,do que se procura. Alguns acham que aquele senhor se enroscou,enganchando , nalguma cerca,sendo enterrando pelas areias em movimento,e que são , muito comuns no fundo do rio Traipu.Só sei que nunca mais ninguém viu nem um sinal.Procuraram por todo o baixo são Francisco,até a praia,e nenhum sinal.Esse foi um caso misterioso,porque não se tem nem como procurá-lo.Mais de ano depois,a justiça considerou sua mulher viúva,para questões de aposentadoria e oura coisa.Ele ,o Zé Beato era vigia da Antiga Emater,hoje pertencente a secretaria de Agricultura do Estado.Que sua alma descanse na paz do Criador!
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